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Coluna Alta Roda – Sonho do imposto real

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Alta Roda nº 633 — Fernando Calmon — 14/6/11

Como se esperava, o grau de interesse de produtores, fornecedores, especialistas e do próprio governo saltou aos olhos durante a realização da Ethanol Summit (Cúpula do Etanol) 2011, semana passada em São Paulo. A cúpula internacional é organizada bienalmente desde 2007 pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e este ano atraiu mais de 1.500 participantes. Sua importância cresce porque o etanol se transformou no principal biocombustível utilizado no mundo, especialmente, no Brasil.

Para constatar os benefícios da menor emissão de gás carbônico (CO2) – uso do etanol e o crescimento da cana-de-açúcar no campo sequestram 80% das emissões deste gás no escapamento dos motores – os visitantes viam um carbonômetro. Era só uma tela digital registrando o quanto de carbono estava deixando de ir para a atmosfera e colaborar para o efeito estufa, ao se consumir etanol em substituição aos combustíveis fósseis (gasolina, diesel e GNV).

No ano passado, os 22 bilhões de litros de etanol produzidos abasteceram 45% da frota brasileira de automóveis e comerciais leves. E se a preferência pelos motores flexíveis continuar a atrair quase 90% dos compradores de veículos novos, já em 2020 o combustível vegetal responderá pela movimentação de 60% da frota nacional. Para tanto serão necessários 60 bilhões de litros, volume que exigirá enorme esforço público e privado para ser alcançado.

Dinheiro, aparentemente, não faltará, pois três gigantes da indústria do petróleo tiveram participação ativa nos dois dias da conferência e já se associaram a usineiros brasileiros. Porém, nesse nível de produção os volumes de estocagem absorveriam grandes recursos financeiros, sem contar perdas por evaporação nos cinco a seis meses de entressafra e até riscos de incêndio. Por isso, fórmulas mais criativas teriam de ser desenvolvidas. A internacionalização do etanol e um planejamento efetivo de produção, exportação e até importação estão entre as prioridades.

Por outro lado é necessário evoluir tecnicamente os motores, além do que já se alcançou. A indústria se acomodou, deixando de aposentar o arcaico sistema de partida em dias frios com gasolina, só para citar um item. Nos corredores da Ethanol Summit voltou-se a ouvir rumores sobre a esperada mudança na estratégia fiscal do governo. Os impostos deverão ser calculados por emissões e não mais só pela cilindrada. Passaria a se valorizar carros de menor consumo de combustível, consequentemente menos poluentes.

No painel dedicado à tecnologia, se abordou o tema dos veículos híbridos, com motor elétrico e a combustão, só que flex, em substituição aos a gasolina ou diesel. Adaptação seria fácil, contudo o custo elevado se transforma em barreira, mesmo se houvesse incentivos fiscais.

A alternativa do downsizing revela-se muito mais interessante. Motor de cilindrada reduzida, porém despertado por turbocompressor (solução sob medida para um flex), injeção direta de combustível e gerenciamento eletrônico das válvulas para alcançar mesmo desempenho e diminuir consumo. Para tal, impostos menores – e inteligentes – precisariam ser adotados. Chegaremos lá em algum dia? Por enquanto, não passa de sonho.

RODA VIVA

APESAR da expectativa de relançar o subcompacto Fiat 500, em agosto, a preço mais baixo por vir do México sem imposto de importação de 35%, ainda não seria adotado agora o motor flex exportado do Brasil (como faz a Ford em relação ao novo Fiesta). O 500 teria motor de 1,4 l/Multiair – mais potente que o atual – fabricado nos EUA, segundo fontes mineiras.

AVANÇO das caixas de câmbio manuais automatizadas (robotizadas) de duas embreagens será substancial em nível mundial. Segundo a TRW, uma das maiores fabricantes do equipamento, as vendas mais do que triplicarão até 2016. Trocas super-rápidas de marchas e economia de combustível são algumas das vantagens sobre as automáticas convencionais.

INSPEÇÃO técnica veicular (segurança e ambiental unificadas) e cintos de segurança de três pontos no banco traseiro estão entre as ênfases da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, presidida por Franco Ciranni. A entidade também dará especial atenção a trânsito/transporte, apoiando, entre outros, o avançado projeto europeu Viajeo.

SURPREENDE no novo Passat a agilidade proporcionada pelo motor turbo TFSI 2.0/211 cv. Aliado ao câmbio automatizado de seis marchas, bons freios e espaço interno, é fortíssimo competidor entre médios-grandes. Dos opcionais, destacam-se frenagem de emergência em cidades e estacionamento guiado em vagas longitudinais e, agora, também transversais.

CORREÇÕES: no ano passado, 51% da produção mundial da GM foi de modelos Chevrolet, que somaram 4,27 milhões de unidades. A marca voltará à Fórmula Indy, fornecendo motores, já em 2012. Quanto ao mexicano March, o compacto da Nissan está confirmado para chegar às concessionárias brasileiras somente em outubro, como previsto no último Salão de São Paulo.

AA CALMONA coluna Alta Roda aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em 85 jornais, revistas e sites brasileiros. Está dimensionada com 5.000 caracteres e é editada nas 52 semanas do ano. Alta Roda começou a ser publicada em 1º de maio 1999. Firmou-se como referência no jornalismo especializado por sua independência e análises objetivas.

Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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