A burocracia e a lentidão são as características de quem cuida do trânsito no Brasil. Em certas decisões o impacto direto na vida dos cidadãos motorizados passa longe de qualquer traço de respeito. Todos sabem que a indisciplina campeia entre motoristas e pedestres, mas o bom exemplo deve vir de cima. Ausência de racionalidade ou exigências estapafúrdias são o caminho certo para mais problemas do que soluções. Multas injustas, por exemplo, alimentam as críticas sobre o interesse maior em arrecadar do que melhorar a segurança.
Uma das maiores incongruências ocorreu quando o Contran regulamentou as informações que devem constar nos autos de infração, deixando omisso a obrigatoriedade de indicar modelo e cor. Marcas mais tradicionais podem ter 20 ou mais modelos entre os atuais e os que já saíram de produção. A regulamentação foi feita depois de denúncias de que multas eram aplicadas apenas com a anotação da placa e as demais características simplesmente copiadas do registro do veículo.
Em São Paulo uma decisão judicial recente, já em segunda instância, garante ao motorista acesso à cópia do auto de infração em tempo hábil para que possa fazer a sua defesa. Mas, em outras cidades em que o agente só anotou placa e marca, como fica? A ordem é receber a multa, não interessa de quem.
Esconder radares atrás de muretas, saídas de túneis, debaixo de viadutos e passarelas ainda continua, apesar de a lei proibir. Outra decisão judicial obrigou o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo a anular mais de 40 mil multas depois de uma mudança repentina de velocidade de 60 km/h para 50 km/h. Se o risco fosse mesmo real, melhor seria o totem de controle eletrônico.
A obrigatoriedade de ir ao cartório – e pagar – para o reconhecimento de firmas, tanto do proprietário como do real infrator, válida a partir de outubro próximo é outra dessas exigências descabidas. A alternativa de ir aos postos dos Detrans seria ainda mais caótica do que os cartórios. Locadoras, que respondem por cerca de 10% das vendas, veem problemas pela frente com turistas estrangeiros, sem contar empresas de transporte de carga ou que alugam veículos para seus funcionários. Sem a indicação do condutor em tempo hábil a multa dobra de valor, dando força à fúria arrecadadora.
Alfredo Peres da Silva, presidente do Contran e diretor do Denatran até dezembro passado, tentou colocar um pouco de ordem e assinou 186 resoluções em cinco anos, resolvendo falhas e omissões que se perpetuavam. Com a influência política negativa e sem autonomia de uma autarquia com recursos próprios é difícil o Denatran funcionar como órgão máximo executivo de trânsito. Isso leva a programas mal formulados, como os de controle da frota e bloqueadores remotos de veículos furtados ou roubados.
Peres tem uma preocupação maior. “O Pacto Nacional para Redução dos Acidentes faz parte de um compromisso internacional que o Brasil assumiu por uma década até 2020 e está devagar.” Para ele, é preciso acelerar as atitudes em prol da segurança do trânsito e ir além do conforto do controle eletrônico, como a unificação de fiscalização em ruas e estradas, hoje dividida e pouco ostensiva.
RODA VIVA
APENAS dois Estados – Minas Gerais e Santa Catarina – ainda mantêm o Departamento Estadual de Trânsito na órbita administrativa policial. São Paulo mudou o sistema há quatro meses e espera bem mais eficiência e respeito ao usuário. Afinal, policiamento pode e deve fiscalizar o trânsito nas ruas e estradas. Administração funciona melhor com especialistas.
RETOQUES em grade, para-choques, faróis e interior marcam o ano-modelo 2012 e meio do Polo, pois o 2012 já havia sido lançado só quatro meses atrás. Apesar de a versão de entrada subir cerca de 6% para R$ 44.390,00, na realidade, com a inclusão de itens como freios ABS e airbags, antes opcionais, o preço encolheu 3%. Segue tendência de melhor relação preço-benefício.
MOTOR de 2.0 l/211 cv chega a “sobrar” no novo Jetta TSI (R$ 89.520). Acelera mais que qualquer outro concorrente dentro do segmento de médios-compactos anabolizados, esses com maior espaço interno e recheados de equipamentos. Câmbio robotizado de duas embreagens faz o par perfeito dentro da grande evolução técnica e conceitual do modelo.
INVESTIMENTO de US$ 100 milhões da Renault, na Argentina, será suficiente apenas para leve atualização do Clio hatch. Um novo modelo exigiria montante bem superior e não chegaria ao mercado em meados de 2012. Naquele total se incluem melhorias nas instalações industriais de Córdoba e início do terceiro turno de produção.
NOVO navegador TomTom, série Via, inova ao eleger as rotas com base na velocidade real do trânsito medida pelo próprio aparelho. Propõe ao motorista o caminho mais rápido em função da hora do dia e do dia da semana. Este novo software foi desenvolvido, inicialmente, para as ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo, cidades de trânsito mais congestionado.
A coluna Alta Roda aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em 85 jornais, revistas e sites brasileiros. Está dimensionada com 5.000 caracteres e é editada nas 52 semanas do ano. Alta Roda começou a ser publicada em 1º de maio 1999. Firmou-se como referência no jornalismo especializado por sua independência e análises objetivas. Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).