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Coluna Alta Roda: Frugalidade em marcha

Coluna Alta Roda: Frugalidade em marcha

Por Fernando Calmon

O desafio de reinventar o carro brasileiro foi o mote do simpósio sobre novas tecnologias que a SAE realizou semana passada em São Paulo. Está aí um tema que será recorrente nos próximos anos, na medida em que se aproxima a data fatal de 1º de janeiro de 2014. A partir desse dia deixarão de ser produzidos alguns modelos fabricados por dezenas de anos. Caso do Uno Mille e da Kombi por razões de encarecimento dos custos para atender novas normas de segurança. Nesse rastro deverão seguir Chevrolet Classic, versões mais antigas do Palio e talvez até a Courier.

A reinvenção do automóvel produzido no Brasil passa pelo conceito de engenharia frugal. Termo cunhado por Flavio Campos, da Delphi, essas tecnologias simples têm bom espaço para crescer. Ele citou as novas centrais elétricas capazes de eliminar os velhos fusíveis e relês, trocando chicotes de até 1.000 fios de cobre por apenas 100 de alumínio. Paulo Alves, da Continental, viu possibilidades de utilizar wi-fi (rede local sem fios) dentro dos veículos para acesso à internet, aproveitando GPS (navegação) e GPRS (dados via rede celular) do sistema antifurto previsto em legislação até meados desse ano – se não houver novos recuos, depois de três adiamentos.

Francisco Nigro, da Escola Politécnica da USP, pontuou que tecnologias existem, mas o comprador brasileiro quase sempre não pode pagar. Defendeu mudanças na taxação para incentivar o motorista a valorizar o baixo consumo de combustível e de emissões. A coluna sempre preconizou: esse critério deveria se sobrepor ao antiquado conceito da cilindrada pura e simples.

O tema de eletrificação suscitou debates interessantes. Marcelo Soares, da CPFL, afirmou que a progressiva introdução de carros elétricos a bateria não traria problemas, se fosse empurrada a recarga para fora dos horários de pico. A especialista Maria Rosolem reconheceu que o Brasil precisa de avanços nas pesquisas de baterias de íons de lítio, ressalvando que nem no exterior as dificuldades estão superadas.

Eudes de Oliveira, da Ford, colocou muitos pontos de interrogação sobre o que ainda precisa acontecer lá fora para viabilizar carros elétricos. Ao contrário do otimismo exagerado de Reinaldo Muratori, da Mitsubishi. Para ele o cenário será outro dentro de quatro anos. O fato, porém, é a incerteza em torno do assunto. Esse tipo de veículo tem emissões zeradas quando em uso, mas longe disso na hora de plugar na tomada, se depender de energia fóssil para gerar eletricidade.

Soluções complexas, de longo prazo, passam pelo projeto EN-V (Veículos Elétricos em Rede, na sigla em inglês) detalhado por Christopher Borroni-Bird, da GM (EUA). Ele apontou que até um terço do consumo urbano de combustível ocorre ao se procurar estacionar. Assim, microveículos de um ou dois lugares seriam a resposta para a crescente urbanização da população mundial. Proposta semelhante e menos audaciosa tem o arquiteto Jaime Lerner com o seu projeto Dock-Dock de transporte individual em cidades, sem os custos envolvidos de propriedade.

Rogélio Golfarb, da Ford, disse que daqui em diante os custos só vão subir. Como administrá-los é o grande quebra-cabeça aqui e no exterior.

RODA VIVA

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FIAT prepara estratégia de relançamento do 500 no Brasil, que passa a vir do México sem imposto de importação, em meados do ano. Alívio fiscal já reduz o preço da versão de entrada de R$ 60.000 para R$ 50.000. Retirada de outros equipamentos poderia cortar mais R$ 10.000. Tudo seria feito sem deixar sensação de empobrecimento do modelo.

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NOVO Fiesta hatch está pronto para desembarcar, também importado do México, até o final do primeiro semestre. A versão é vendida na Argentina há seis meses e passa a receber o sedã, já disponível aqui. A importação não altera os planos de produzir o hatch compacto, após a ampliação da fábrica de Camaçari (BA), que opera no limite.

SOUL, na versão flex, ganhou 4 cv de potência – agora, 130 cv – quando utilizando etanol. Nítida a melhor desenvoltura do modelo de estilo diferenciado da Kia, ao se exigir do acelerador. Sul-coreanos, assessorados pela Bosch, introduziram modificações corretas, inclusive taxa de compressão. Iniciativas que marcas francesas, até hoje, deixaram de lado.

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TERCEIRA geração do utilitário esporte Sportage tem avançado pela boa relação custo-benefício. Estrutura e trem de força são partilhados com o Hyundai ix35, mas o preço é cerca de 10% inferior com mesmo nível de equipamentos. Ponto alto do modelo da Kia, propulsor de 2 litros/166 cv tem a maior potência específica (cv/l) entre motores aspirados.

SINALIZAÇÃO de frenagem de emergência está em todos os Gols da linha 2012. Nessa categoria de preço é inédito, mas há outro recurso no Polo bastante útil e de custo baixo. Ao leve toque na alavanca de sinalização lateral, as luzes piscam três vezes e desligam automaticamente. Mudar de faixa em cidade ou estrada é mais corriqueiro no dia a dia do que frear com força.

Por Fernando Calmon

Coluna Alta Roda: Frugalidade em marchaA coluna Alta Roda aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em 85 jornais, revistas e sites brasileiros. Está dimensionada com 5.000 caracteres e é editada nas 52 semanas do ano. Alta Roda começou a ser publicada em 1º de maio 1999. Firmou-se como referência no jornalismo especializado por sua independência e análises objetivas.

Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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