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Coluna Alta Roda - Ninguém pensou antes

Fazer uma avaliação do atual progresso técnico e projetar o futuro da mobilidade tem sido uma preocupação recorrente no mundo inteiro. Não chega a ser uma preocupação nova, especialmente na Europa, onde existe uma longa tradição de estudar e divulgar os avanços em motores, segurança passiva e ativa, controle de emissões e, mais recentemente, tráfego inteligente, automação ao dirigir e eletromobilidade.

Uma das empresas que mais utiliza esse tipo de comunicação assertiva é a Bosch. Em Boxberg, Alemanha, a empresa promoveu recentemente o sexagésimo encontro técnico internacional, realizado de dois em dois anos, com 330 jornalistas de 35 países. Embora se saiba que o futuro aponte para a tração elétrica, as dúvidas são recorrentes sobre quando realmente isso acontecerá e quanto tempo haverá de convivência com os motores a combustão, seja de forma independente ou coequipando híbridos convencionais ou plugáveis em tomadas.

Segundo o maior fabricante global de autopeças, em 2020 devem-se vender no mundo 103 milhões de automóveis e comerciais leves, cerca de 50% mais sobre 2010. Apenas três milhões deles, elétricos puros ou híbridos, e outros seis milhões, híbridos convencionais. Então, haveria 100 milhões de motores convencionais novos deixando as lojas. Tal volume exige enorme esforço para diminuir o consumo de combustíveis fósseis e a consequente menor emissão de gás carbônico (CO2) a fim de controlar o indesejável aquecimento da atmosfera.

A empresa afirma já existir tecnologia para motores consumirem 30% menos, mas ainda exige tempo de desenvolvimento. Um dos complicadores: encarecer os novos modelos. Uma boa comparação é a do Golf, automóvel de maior venda na Europa. Nas versões de entrada, gasolina (TSI, de 1,2 l) ou diesel (TDI, de 1,6 l), ambos têm a mesma potência de 104 cv, com turbocompressor e injeção direta. Pelo ciclo europeu de consumo médio, menos severo que o dos EUA e do Brasil, o diesel gasta 20% menos combustível que a gasolina (25,6 km/l contra 20,4 km/l).

A complicação começa no preço do carro a diesel. Na Suíça, o TDI custa 30% mais que o TSI, o que exigiria rodar em torno de 35.000 km por ano, ou além, para amortizar a diferença, dependendo da relação de preço com a gasolina. Mesmo na Europa, com os combustíveis mais caros do mundo (cerca de R$ 3,5/litro), um motor a diesel precisa de longas distâncias para se viabilizar e as leis de emissões o tornarão ainda mais caro. Por isso, nos EUA, onde o combustível vale a metade, há rejeição econômica à opção diesel, bem como na maioria dos demais países (na Argentina, por exemplo, só 10%).
Novidade anunciada pela Bosch é a evolução do sistema start-stop (desliga-liga o motor com o carro parado). Quando pronto, permitirá desligamento automático toda vez que o motorista tirar o pé do acelerador, a menos de 120 km/h. A economia de combustível pode chegar a 25% em determinadas condições. Ninguém pensou nisso antes, desde os tempos do sistema de roda-livre, que não cortava o motor. Com a tecnologia atual religa-se em 0,35 s, mas deve incluir direção elétrica no lugar da hidráulica, tendência que avança. Além de compressor elétrico para o ar-condicionado, um pouco mais adiante.

RODA VIVA

PRIMEIRA fábrica chinesa a se instalar no Brasil, Chery assentou a pedra fundamental essa semana em terreno de Jacareí (SP). Haverá operações de manufatura e não só de montagem, ao contrário de 12 outras unidades fora da China. Na realidade, se posiciona para aproveitar futuros incentivos do governo federal e compensar o alto custo de produzir internamente.

NOVO adiamento na implantação do Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav). Começaria em 1º de janeiro de 2012 e seria completado até 30 de junho de 2014. Objetiva o controle eletrônico da frota baseado em tecnologia de identificação por radiofrequência, antenas e rede de dados. De olho em quem deve impostos, taxas e multas.

PEUGEOT 3008 tem vendido 200 unidades/mês, mas com procura maior que o esperado, segundo a marca francesa. Este monovolume com ares de crossover, ampla visibilidade, muito bem equipado e comportamento em curvas exemplar, destaca-se em especial pelo motor (projeto BMW-Peugeot) de 1,6 l/156 cv. Respostas ao acelerador são impressionantes.

NOVAS gerações de pneus básicos duram até 20% mais, permitem economizar combustível (pouco notado, mas não desprezível) e conseguem manter o mesmo preço ao consumidor final. É o caso da linha Firestone Multihawk, em sete medidas que atendem três quartos da frota brasileira de veículos leves.

CÂMBIOS robotizados ou automatizados não exigem nenhum cuidado extra em termos de troca de óleo. Na realidade, nem há previsão de qualquer intervenção desse tipo, comportando-se como todo câmbio manual, há décadas abastecido de óleo somente na linha de montagem. Apenas se o câmbio precisar ser aberto e reparado, aí se indica trocar o óleo.


A coluna Alta Roda aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em 85 jornais, revistas e sites brasileiros. Está dimensionada com 5.000 caracteres e é editada nas 52 semanas do ano. Alta Roda começou a ser publicada em 1º de maio 1999. Firmou-se como referência no jornalismo especializado por sua independência e análises objetivas. Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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