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Coluna Alta Roda - Abrindo os bolsos

O anúncio de mais uma fábrica no Brasil – dessa vez da chinesa JAC – é um demonstração do vigor do mercado brasileiro. Afinal, vendas que dobram de volume em apenas cinco anos (subiram de 1,5 milhão de unidades, em 2004, para 3,1 milhões, em 2009; 3,7 milhões, em 2011) só podem atrair muitos interessados. E que vão abrir os bolsos.

Nos últimos seis meses, pelo menos dez projetos foram comunicados, alguns confirmados, outros em fase de estudos em diferentes estágios. O número inclui novos fabricantes ou expansão dos aqui já instalados, sem contar caminhões e ônibus, plantas novas em construção (Hyundai e Toyota) ou ampliações previstas pela Ford, GM, Mitsubishi e Volkswagen. Só chinesas são três: além da JAC e da Chery, a Lifan terá uma pequena operação, essa última semelhante à da japonesa Suzuki. Fiat e Nissan anunciaram investimentos pesados em novas instalações. Renault e PSA Peugeot Citroën planejam.

O grupo brasileiro EBX estuda entrar no mercado. A BMW, ao estilo germânico, só anunciará oficialmente sua fábrica quando definir cidade, modelo e investimento, em outubro ou novembro próximos. Mas a coluna antecipou, com exclusividade, que a decisão positiva foi tomada, na Alemanha, em segredo.

Até o final de 2014, com a maturação da maioria desses projetos, o Brasil estará comprando cerca de 4,5 milhões de veículos por ano e ainda crescerá para 6 milhões de unidades/ano, no final da década. Se os custos de produção no País, em dólares, hoje, são 60% maiores do que na China e 33% superiores ao México, como se explica essa atratividade? Primeiramente, as cotações de câmbio não devem ficar para sempre nesse patamar: moedas valorizam e desvalorizam. A razão principal é que o País vai reagir a esses custos altos. Basta ver o novo plano de competitividade industrial que o governo patrocina, com desoneração de impostos e criação de um regime especial para o setor automobilístico.

Sérgio Habib, presidente do grupo SHC, importador e sócio majoritário da JAC na futura fábrica nacional, explica: “Frete interoceânico, taxas nos portos e o imposto de importação têm peso elevado para quem vai vender, como nós, 100.000 carros por ano em 2013. Volume inviável para trazer da China.” O investimento de R$ 900 milhões, em local indefinido em parque industrial já existente, inclui centro de desenvolvimento e pista de testes. Índice de nacionalização mínimo de 60% permitirá exportação, sem imposto, dentro dos acordos do Mercosul e México. Não prevê produção de motores, embora vá oferecer versão flex em 2012.

Interessante é que se trata de um projeto sino-brasileiro. Como partirá do zero, porém baseado na arquitetura do J3, levará em conta as necessidades e gostos do comprador daqui, sem desconsiderar a fácil adaptação às demandas chinesas. Terá também versões mais enxutas, mantendo-se na faixa de R$ 30.000,00 a R$ 40.000,00 (a preços atuais). Formará uma família que incluirá hatch, sedã e, provavelmente, um utilitário esporte.

O atual J3 terá cumprido seu ciclo de vida em 2014 e o pragmatismo típico de Habib indica sua substituição pelo novo carro. Ele sempre se mostrou contrário à convivência de duas gerações de um mesmo modelo.


RODA VIVA 


PARECE que os chineses não se contentarão com apenas três fábricas aqui. Há rumores sobre uma quarta marca se movimentando. Decisões desse naipe são sempre de longo prazo. Consideram que pode haver mudanças na China em termos de moeda artificialmente fraca, salários em alta, incômoda dependência de matérias primas e até regime político.

MERCADO que mais cresceu no mundo (50%), este ano, para a marca inglesa MINI, controlada pela BMW, foi o brasileiro. Dos 16 modelos da linha, 11 estão à venda aqui. Do estreante JCW conversível (R$ 150.000) à recente versão de entrada One (R$ 70.000 com câmbio manual) consegue ocupar vários nichos. Modelo se destaca pelo estilo e dirigibilidade.

RENOVAÇÃO discreta na parte frontal e interior com novos revestimentos, além de itens como sistema de áudio com viva voz para celulares, continuarão a dar impulso ao Sandero 2012. Versão Expression tem boa relação preço-espaço interno (R$ 38.000). Porém, o motor 1,6 l/95 cv poderia ser mais potente e menos ruidoso, se bem isolado no cofre.

ENCERRADA a produção da versão de exportação do Fox para a Europa. Ele sofreu com a valorização do real desde 2005. Só continuou à venda por lá em razão do atraso no lançamento do Up, subcompacto que a Volkswagen apresentará em setembro, no Salão do Automóvel de Frankfurt. Vendas do novo carro começarão no início de 2012. Up também será fabricado aqui.

VENDAS de consórcio aumentaram com a ascensão de compradores das classes C e D. Esse sistema de financiamento é para quem prefere planejar a compra. As prestações não são fixas e sobem de acordo com a variação de preço do modelo escolhido. Curiosamente, não há registro estatístico se o contemplado usou seu crédito para comprar um carro novo ou usado.


A coluna Alta Roda aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em 85 jornais, revistas e sites brasileiros. Está dimensionada com 5.000 caracteres e é editada nas 52 semanas do ano. Alta Roda começou a ser publicada em 1º de maio 1999. Firmou-se como referência no jornalismo especializado por sua independência e análises objetivas. Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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