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Coluna Alta Roda - Atenção aos juros


O mercado automobilístico, em agosto, tem resistido bem em termos de vendas, sem grandes quedas no ritmo diário de comercialização. Ao contrário do adágio popular, tudo indica, agosto não será mês de desgosto. Isso apesar das preocupações com a situação econômica mundial, noticiário pessimista sobre finanças de países maduros, quedas espetaculares nas bolsas de valores e a crise político-moral entre o governo e o Congresso Nacional. 

Com tantos fatos perturbadores, manter a média em torno de 15.000 unidades/dia licenciadas pode ser até motivo de comemoração, sinal de amadurecimento dos compradores. Nem mesmo a atabalhoada comunicação, por parte do governo federal, sobre redução de IPI na longa cadeia de produção, levou recuo importante à demanda. Na realidade, não se sabe, ainda, como será implementada essa política de estímulo à inovação e competitividade industrial, com efeito apenas em médio e longo prazos.

Preços devem permanecer estáveis ou em queda natural em razão da forte concorrência e pressionados pelo aumento de estoques. Estes estão, de fato, elevados porque o segundo semestre aponta uma acomodação: crescimento zero em relação ao mesmo período de 2010. Vendas totais em 2011 devem fechar com avanço de 5%, sendo 10% no primeiro semestre. O índice de confiança, referência de peso, se mantém em bom nível. Pode melhorar se o juro básico (taxa Selic) permanecer inalterado nos próximos meses, como previsto.

O financiamento via CDC (Crédito Direto ao Consumidor) avançou bastante sobre o leasing. Esta modalidade, isenta de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e, portanto, com prestação um pouco menor, está minguando em função de pequenos conflitos criados por alguns que se acham espertos, contestando obrigações contratuais. Também existe bitributação por parte de prefeituras.

Quanto ao CDC é preciso pesquisar os juros. “Exemplo de um carro de R$ 35.000, com entrada de R$ 10.000. O financiamento de R$ 25.000 em 60 meses, juro de 1,5% ao mês, sairá por R$ 38.090 (preço total R$ 48.090). Mas se a taxa de juro for de 2,2%, essa pequena diferença de 0,7% ao mês elevará a parte financiada para R$ 45.266,00 (preço total R$ 55.266)”, explica Marcelo Maron, consultor em Finanças Pessoais. Também sugere atenção aos penduricalhos como taxas cartoriais e de cadastro. Comparar o valor da prestação para o mesmo prazo e igual valor financiado, já com encargos e juros, evita surpresas.

A terceira opção de financiamento é o consórcio, especialmente para aqueles de pouca disciplina financeira. Quem não tem pressa, pode fazer poupança mensal e comprar o carro mais rapidamente, sem depender da sorte. As estatísticas do setor são pouco precisas porque o Banco Central não controla se a carta de crédito contemplada, por sorteio ou lance, vai para a compra de um veículo novo ou usado.

A estimativa é que esse meio responda por 6% das vendas da indústria (45% a 50%, CDC; 9%, leasing; 35% a 40%, à vista). Mas o valor da cota média reflete bem o aumento do poder aquisitivo. Comparando-se junho deste ano com a média de 2009 o valor cresceu cerca de 20%, atingindo R$ 40.169, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio.



RODA VIVA 



ANTECIPANDO-SE ao novo regime automobilístico que o governo anunciará em breve, mais um grupo brasileiro – CN Auto – e uma marca chinesa – Brilliance – estudam montar fábrica no Brasil. Trata-se de investimentos de longo prazo, que se beneficiarão de produção local incentivada, hoje pouco competitiva. Além de evitar a incidência de 35% de imposto de importação.

BOA parte por razões cambiais, a África do Sul tornou-se o segundo maior mercado de exportação para os veículos brasileiros no ano passado. Moeda local, o rand, também se apreciou, como o real, frente ao dólar. México agora é o terceiro cliente do Brasil (primeiro, Argentina). Sua moeda desvalorizada dificulta importações e facilita exportações.

INTERIOR mais caprichado, plásticos de toque suave e um trabalho aprimorado nas suspensões dão ao crossover Fiat Freemont, quase gêmeo do Dodge Journey, mais condições de competir. Motor 4-cilindros/2,4 litros/172 cv levou a ter um preço menor – R$ 81.900, cinco lugares; R$ 86.000, sete lugares –, mas a queda no desempenho em relação ao V-6 é bem sensível.

ATÉ novembro, o Journey 2012 estará à venda. Receberá as mesmas modificações, porém comercializado apenas com o motor mais potente e adequado, na faixa de R$ 100.000 a R$ 107.000. Capô de alumínio será o mesmo do Freemont. Alteração feita atende leis de segurança europeias que exigem grau de proteção maior em caso de atropelamento.

PETROBRAS Biocombustível abriu os cofres para investir em etanol por meio de compra, associação e ampliação de usinas. Serão R$ 3,5 bilhões para atingir a produção de 5,6 bilhões de litros do combustível renovável até 2015. Objetivo é alcançar a liderança com 12% do mercado brasileiro, incluindo etanol celulósico de cana (segunda geração).


A coluna Alta Roda aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em 85 jornais, revistas e sites brasileiros. Está dimensionada com 5.000 caracteres e é editada nas 52 semanas do ano. Alta Roda começou a ser publicada em 1º de maio 1999. Firmou-se como referência no jornalismo especializado por sua independência e análises objetivas. Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


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